Nesta quarta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro teve a pior reação negativa no Twitter desde o início do mandato, em janeiro de 2019. Dados obtidos por análise da Arquimedes apontaram que a medida anunciada pelo presidente sobre o modelo de privatização das unidades básicas de saúde (UBS) teve 98,5% de menções desfavoráveis ao governo no Twitter. As publicações defenderam o Sistema Único de Saúde (SUS) e, em 150 mil menções publicadas entre meia-noite e 16h desta quarta-feira, apenas 1,5% mostraram-se favoráveis à iniciativa. De acordo com Bolsonaro, a medida tinha “intenção de levantar recursos para terminar obras de unidades inacabadas”.
Ainda segundo a análise, a falha na correção da prova do Enem, em janeiro deste ano, havia sido o episódio mais desastroso para o governo no Twitter. Naquela ocasião, 90% das menções foram negativas à administração federal. O episódio é atípico e, de acordo com Pedro Bruzzi, sócio da Arquimedes, a base bolsonarista ficou acuada. “Não encontraram argumento para defender o decreto sobre as unidades de saúde. As críticas, no entanto, ultrapassaram o diálogo sobre política, alcançando influenciadores de toda sorte. O alcance e a velocidade foram impressionantes”, afirmou.
Dessa maneira, entre as publicações sobre o SUS verificadas pela Arquimedes, a que obteve maior interação foi a do rapper Emicida, com mais de 100 mil retuítes. O artista publicou uma foto de uma projeção onde se lia: “O SUS salva vidas. Ele não”. A mensagem é uma referência à mobilização feita em 2018 por pessoas contrárias à eleição de Bolsonaro. Felipe Neto também se destacou entre os autores com mais interação no Twitter. O influenciador obteve mais de 24 mil retuítes ao escrever: “Quem defende a privatização do SUS é GENOCIDA”.
A matéria é de João Paulo Saconi e está disponível no site do O Globo.