Levantamento para a Folha revela que mudança de postura de Bolsonaro não melhora imagem nas redes sociais

Estudo feito pela Arquimedes revelou que a tentativa do presidente Jair Bolsonaro de melhorar a avaliação do governo nos canais digitais não surtiu, até o fechamento da matéria, o efeito desejado. Isto porque as publicações em defesa do presidente resumiram-se apenas aos perfis de seus eleitores e não atingiram outros públicos que já se alinharam ao governo, a exemplo de lava-jatistas e liberais.

“A retórica de Bolsonaro que poderia ser recebida de maneira positiva por um grupo expandido de perfis nas redes sociais tem produzido um impacto efêmero, porque, na sequência, o presidente tem feito declarações polêmicas“, explica Pedro Bruzzi, analista e sócio da Arquimedes. A análise em questão também apontou que o discurso pró-vacina teve um impacto positivo inicial, mas que logo se dissipou quando passou a ser associado a uma motivação eleitoral relacionada ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já sobre a saída do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazzuello, o impacto foi positivo para a imagem do governo nas redes sociais. Antes da confirmação da mudança, as menções negativas ao general eram de 71,5%, enquanto 28,5% se posicionavam a favor dele. Após o anúncio de Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde, as menções favoráveis ao médico chegaram a 41,5%, no entanto, nos dias seguintes o efeito foi dissipado e valor caiu para a ordem de 18%. “A base de apoio do governo no debate digital segue se isolando cada vez mais. Lava-jatistas e liberais não mais o apoiam e, mais do que isso, o responsabilizam pela situação gravíssima da pandemia e da economia”, diz Bruzzi.

O estudo da Arquimedes observou que uma das críticas repertidas pelo presidente ganhou adesão de perfis considerados moderados: a oposição a medidas restritivas – chamadas genericamente de lockdown. Bruzzi explicou que o apoio fora do eleitorado bolsonarista não se deve à descrença em relação ao perigo da doença, mas a uma falta de alternativa financeira que assegure a manutenção da renda familiar.

“O discurso contra o lockdown já ultrapassa a base bolsonarista por uma falta de alternativa, já que a maioria das pessoas não tem poupança suficiente para um período de paralisação da atividade econômica, como a ocorrida no ano passado”, observa.

Para o analista, a dificuldade de Bolsonaro em reduzir o desgaste nas redes sociais se deve pela contradição sobre a vacinação e pela falta de ação do Ministério da Saúde, que tem dificuldades em importar doses de imunizantes. “Há uma dificuldade de compreensão sobre por que o presidente era contra a vacina e, da noite para o dia, virou a chave e agora a apoia. E há também um descrédito, porque não conseguiram fechar contratos suficientes para importar um volume de vacinas suficiente para imunizar a população”, afirmou.

A matéria completa, dos jornalistas Gustavo Uribe e Daniel Carvalho, está disponível no site da Folha de São Paulo.

 

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