Arquimedes realiza levantamento para o O Globo sobre caos da saúde em Manaus

Após o colapso no sistema de saúde de Manaus-AM na última quinta-feira (14), a atenção nas redes sociais se voltou para o tema. Os hospitais da cidade sofreram com a alta no número de internações por Covid-19 e pela falta de oxigênio. Em levantamento realizado pela Arquimedes, o assunto rendeu 1,3 milhões de menções no Twitter no dia mais intenso da crise – mil comentários por minuto, em média. A análise também mostrou que o debate alcançou influenciadores digitais e artistas, que se mobilizaram para tentar ajudar a resolver o caos. Junto com eles, opositores e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se engajaram à causa.

Dentre as publicações com mais impacto na rede social, estão a do youtuber piauiense, Whindersson Nunes; e a da apresentadora e atriz, Maisa. As manifestações das cantoras Ludmilla, Iza e Roberta Miranda também compuseram a lista. Vale ressaltar que os influenciadores representaram 58% dos posts com mais engajamento. Por outro lado, usuários com discursos contra e a favor do presidente Bolsonaro aproveitaram o debate no Twitter para fazer publicações a respeito das responsabilidades de autoridades públicas na crise.

As publicações em oposição ao governo de Jair Bolsonaro alcançaram 36% das menções a Manaus. Nos textos, internautas responsabilizaram Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela falta de oxigênio no município. O principal argumento do grupo é que ambos negaram a gravidade da Covid-19 enquanto insistiam em tratamento precoce com a cloroquina. O momento também foi aproveitado pela esquerda para reforçar pedidos de abertura de impeachment contra Bolsonaro.

Como resposta às críticas, os bolsonaristas fizeram menos publicações sobre Manaus — apenas 6% do total. Os argumentos de defesa utilizados pelos apoiadores do governo foram o questionamento dações do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), além das investigações de corrupção em compras de respiradores. Para eles, o governo se prontificou a ajudar ao ser requisitado. Eles seguiram afirmando que o tratamento precoce com a cloroquina poderia ter mudado a situação de Manaus, ainda que não exista evidência científica.

Segundo o responsável pelo levantamento e sócio da Arquimedes, Pedro Bruzzi, a reação dos usuários das redes foi majoritariamente contra o governo, não sendo coordenada pela oposição política. “O maior volume de menções veio de atores não-políticos, como Whindersson Nunes. O componente anti-político é notório, pois a mobilização para a doação de oxigênio veio de artistas e celebridades, em detrimento de soluções que passam pelo Estado”, afirmou.

Ainda segundo Bruzzi, Bolsonaro e o governo agiram rápido e construíram uma narrativa eficiente para seu agrupamento, culpando o governador do Amazonas por não ter se preparado para o momento, além de não ter utilizado os recursos enviados pelo governo federal.

A matéria completa é do Sonar (Jornal O Globo) – texto de Gabriela Oliva e João Paulo Saconi.

 

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